domingo, 10 de agosto de 2008

"Recusa.."


Esses dias, entediada, fui sentar-me numa praça, pegar um sol quem sabe, fumar um cigarro. E nessas, conheci um traficante. Sim, um traficante. Mas não é disso que vamos tratar.
Estávamos eu e uma amiga, sentadas no banco. Chegou um moço. O moço sentou-se. Com uma bela desenvoltura social (dele e nossa), viramos, pode-se dizer assim, "amigas" do traficante. Que por sinal era trabalhador e traficava por passatempo. Puro passatempo. Divertidíssimo. Conversa vai, conversa vem, ele, sabendo durante a conversa, que não temos televisão nem som em nossa casa nova, ofereceu um rádio. Negamos. Eu e minha amiga; negamos. Negamos porque automaticamente, eu e ela, achamos que aceitando o rádio, teríamos de ser cordiais sempre com ele, ou de haver alguma cobrança. Como se fosse uma troca. Nessa hora (a em que me dei conta de pensar que devia dar algo em de volta), lembrei que sempre ofereço chiclé a um tal garoto a quem me interesso, e ele nega. Até hoje eu me incomodo quando ele diz; "-não, obrigado", e nunca soube bem o por quê, se me sentia rejeitada ou sei lá.
Pois bem, depois dessa do traficante ter nos oferecido um rádio e negarmos por sentirmos obrigadas a dar algo em troca, descobri que por incrível que pareça, o que sinto quando o garoto do chiclé diz "não", é como se eu quisesse dizer ;"-Tá mas eu não quero nada em troca, só quero dar-te um chiclé.". Mas não é verdade, dando o chiclé , espero que ele perceba que lhe faço um agrado, e ele se nega por não querer se comprometer em me agradar. Sim, é isso. E me atinge.Mas então, será que agora que sei disso, conseguirei pensar melhor sobre dar algo, sem querer nada, nadica de nada, em troca?

Parece fácil? Então vamos lá.

5 comentários:

Beatriz disse...

Esperando pelo próximo texto,
todos são ótimos.
Beijo, fica bem.

palavra fugaz disse...

Acho que algumas vezes somos "obrigados" a recusar muitas coisas, mesmo que isso seja teoricamente bom para nós. O caminho mais fácil é sempre suspeito, gera felicidade mas receio.
Enfim, talvez tenha feito bem. Melhor a recusa no começo do que o comprometimento no fim. Preciso falar que adoro seus textos?
;]
Beeeijo gaúcha! Hehe.

palavra fugaz disse...

o comentário de baixo é meu mesmo (Leandro). hahaha. meu projeto de blog tinha esse nome, mas nunca teve UM texto sequer...

may disse...

É um burro de não querer o xicle e nem a quem a ofereçeu hauauhuha
bjokas
OTEMO!!

Anónimo disse...

as trocas... e o esperar algo em troca... maldição.

lembro que falávamos de platão e tudo isso na festa de ontem....

certamente seríamos mais felizes se não esperássemos nada em troca. mas, ao mesmo tempo, não é essa troca que nos faz humanos? sei lá...



(estamos em um dia difícil de explicar/definir, né?)

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